Seguidores

domingo, 16 de dezembro de 2012

Casa das Canoas




Quando Oscar Niemeyer projetou a própria casa assumiu alguns pressupostos. Nesse projeto Niemeyer adotou princípios do modernismo e os complementou com outros da arquitetura orgânica. Um deles era respeitar o entorno e, por isso, a casa se adapta ao terreno e não o contrário. Impossível não perceber a grande pedra que aflora diante piscina da casa, que estava lá muito antes da casa ser construída e que foi envolvida pelo projeto tornando-se parte dele. A flexibilidade de projeto exigida por Niemeyer foi conseguida em parte graças ao uso da cobertura plana. A laje plana de concreto segue um desenho orgânico que lembra elementos da natureza como as formas de um lago ou curvas de nível de um terreno acidentado.

O estilo modernista de Niemeyer está presente em todos os detalhes da obra: concreto armado, lajes suspensas sobre pilares esguios, grandes áreas envidraçadas, despojamento, ausência de elementos decorativos, curvas orgânicas, valorização dos espaços amplos, mobília minimalista e esculturas para valorizar o projeto.

A casa das canoas foi construída na mesma época em que a casa Farnsworth de Mies van der Rohe e a casa de vidro de Philip Johnson. Em cada projeto encontramos o estilo próprio de um grande arquiteto. A casa de Niemeyer se distingue pelas curvas sensuais e pelo uso do concreto, uma característica da arquitetura brasileira, ao contrário dos americanos que dão preferência ao aço. Em comum aos três projetos temos a valorização da natureza, as áreas abertas, o uso do vidro para integrar o ambiente externo ao interno e as coberturas planas.

Niemeyer não é um arquiteto de residências, mas a casa de canoas é um dos melhores exemplos de seu estilo. Simples, arrojada, modernista, orgânica e tombada pelo patrimônio histórico.

Edifício Copan

A robustez do concreto armado é quebrada pela sinuosa leveza no projeto moderno, uma onda no centro da metrópole a homenagear São Paulo como nenhum outro marco fez até hoje. Numa cidade caótica esteticamente e carente de belezas naturais, o Copan é o mais próximo que os paulistanos já chegaram de ter um cartão postal para chamar de seu.


Projetado na década de 50 pelo arquiteto Oscar Niemeyer com a colaboração de Carlos Alberto Cerqueira Lemos, o edifício COPAN surgiu num período em que a cidade de São Paulo apresentava uma dinâmica de transformação e crescimento espantosos (Mendonça, 1999). Com o avanço da industrialização para fora dos limites da cidade juntamente a grande especulação imobiliária em torno do centro, verificaram-se dois aspectos marcantes desta época: Uma intensa expansão na malha urbana e o adensamento populacional com verticalização da área central (Piccini, 1999).

Convém salientar que desde a década de 30 a cidade de São Paulo ampliava seus limites, principalmente após a implantação do plano de avenidas do prefeito Prestes Maia. A verticalização, porém é um processo que tomou impulso nos anos 50, quando se adota o paradigma de "verticalização americano" com a liberação do gabarito máximo nos edifícios (Somekh in Mendonça, 1999 p.46). Nesta época a economia paulistana se fortalecia e São Paulo preparava-se para a condição de grande metrópole, precisando de ícones representativos de sua grandeza. O COPAN por sua grandiosidade estrutural, programa variado e forma arrojada, pode ser considerado um destes símbolos.

O projeto original encomendado pela Companhia Pan-americana de Hotéis compreendida em edifício residencial de 30 andares e outro que abrigaria um hotel com 600 apartamentos. Os dois prédios deveriam ser ligados por uma marquise no térreo que teria garagens, cinema, teatro e comércio, porém apenas o edifício residencial foi construido (Botey, 1996). Curiosamente o empreeendimento, que seria uma homenagem ao IV Centenário de São Paulo, visava explorar o setor turístico da cidade (Mendença, 1999). Com a não construção da torre do hotel, esta idéia original ficou comprometida e o interesse imobiliário prevaleceu.

A obra ficou a cargo da Companhia Nacional da Indústria da Construção (CNI), foi iniciada em 1952, mas somente em 1953 o alvará de construção foi obtido e os serviços de terraplanagem começaram. Após alguns problemas finaceiros como a intervenção federal no Banco Nacional Imobiliário e a falência da investidora Roxo Loureiro S.A, primeiros incorporadores do empreendimento, a obra foi interrompida várias vezes. Em 1957 o Banco Bradesco comprou os direitos de construção e em 1961 as partes de alvenaria e concreto armado foram concluidas.

Inicialmente o edifício residencial deveria ter 900 apartamentos, mas os blocos E e F, que teriam amplos apartamentos de 4 dormitórios, foram desenhados para kitchenettes e apartamentos de 1 dormitório. Hoje o COPAN tem 1.160 apartamentos distribuídos em 6 blocos com 2.038 moradores e área comercial no térreo com 72 lojas além de cinema que é ocupado por igreja evangélica. O bloca A têm 64 apartamentos de 2 dormitórios, os blocos C e D têm 128 apartamentos de 3 dormitórios e os blocos B, E e F têm 968 apartamentos tipo kitchenettes e de 1 dormitório. O edifício possui 20 elevedores no total e 221 vagas para automóveis no subsolo.

A forma sinuosa do COPAN quebrando ângulos retos do centro da capital paulista, tem a marca de seu criador. O gosto pela linha curva é uma das pricipais características da obra de Oscar Niemeyer que escreveu: "não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível... o que me atrai é uma curva livre e sensual..." (Niemeyer, 1998). O brise soleil utilizado serve, além de proteção solar, para enfatizar a fachada ondulada. Este recurso já tinha sido usado por Niemeyer antes no edifício Montreal, também na cidade de São Paulo (Valle, 2000).

Ibirapuera


Ibirapuera, que na língua tupi (ypi-ra-ouêra) significa: "pau podre ou árvore apodrecida" era uma região alagadiça, que fora parte de uma aldeia indígena na época da colonização. No século XIX predominavam chácaras e pastagens na área, assim como nos futuros bairros vizinhos.


A primeira edificação da região foi construída em 1822, sendo uma sede de fazenda. Essas propriedades rurais perduraram até o ano de 1922, quando houve um loteamento da região, tornando-a urbana. O desenvolvimento do bairro ocorreu na década de 1960, quando houve a construção da Avenida Santo Amaro, em substituição à antiga estrada de rodagem que ligava o então município Santo Amaro à cidade de São Paulo.
O nome Ibirapuera é usado pelo subdistrito formado em 1935, quando o município de Santo Amaro foi incorporado. Compreendia o distrito policial do Brooklin. Originalmente se estendia do Morumbi ao Jabaquara. Em 1964 foi criado o subdistrito do Jabaquara, que se formou com parte do subdistrito da Saúde e parte do subdistrito do Ibirapuera. Em 1991, houve a nova divisão da cidade em distritos. Permaneceu a divisão anterior nos cartórios de registro civil. O subdistrito do Ibirapuera se estende desde o Real Parque e a Fazenda Morumbi no Morumbi, incluindo o Brooklin e o Campo Belo, até parte da Vila Guarani e do Parque Jabaquara, no Jabaquara.
A partir da inauguração do Parque Ibirapuera no ano de 1954, durante o IV Centenário da cidade, houve a edificação de importantes pontos do município no bairro, tais como: o Comando Militar do Sudeste, o Ginásio do Ibirapuera e a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, além de marcos históricos, a exemplo do Obelisco dos Revolucionários de 1932 e do Monumento às Bandeiras.

Sede das Nações Unidas

Uma comissão de dez arquitetos dirigida pelo norte-americano Wallace Harrison foi reunida para discutir e projetar a sede do mais importante órgão supranacional do planeta. Niemeyer hesitou em apresentar seu desenho, pois não queria contrariar um dos membros do conselho - ninguém menos que Le Corbusier. Só quando o franco-suíço cobrou que ele trouxesse suas ideias para a mesa, que Niemeyer se debruçou na proposta do colega, a quem admirava muito, e modificou os elementos principais do conjunto. O desenho foi aprovado com louvor por toda a equipe, inclusive por Le Corbusier.

Conjunto da Pampulha


O Conjunto Arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte, MG, foi projetado por Oscar Niemeyer, sob encomenda do prefeito Juscelino Kubitschek, e construído entre 1942 e 1944.
Juscelino desejava desenvolver uma área ao norte da cidade, chamada Pampulha. Encomendou então ao jovem e já reconhecido arquiteto, Oscar Niemeyer o projeto de um conjunto de edifícios em torno do lago artificial da Pampulha: um cassino, uma igreja, uma casa de baile, um clube e um hotel. À exceção do hotel, o conjunto se concretizou com a inauguração em 16 de maio de 1943, nas presenças do presidente Getúlio Vargas e do governador do estado de Minas Gerais, Benedito Valadares


A obra é projetada por Niemeyer como um conjunto, mas onde cada elemento é visto como uma forma independente e autônoma. Além disso, os edifícios são pensados em estreita relação com o entorno, que fornece a moldura natural e a inspiração para os desenhos e plantas. O centro do projeto, de acordo com a encomenda, deveria ser o cassino. Não é por acaso que ele é o primeiro edifício a ser construído. Do alto de uma península, o prédio do cassino é concebido a partir da alternância de volumes planos e curvos, de jogos de luz e sombra. O bloco posterior em semicírculo estabelece um contraponto em relação à ortogonalidade do salão de jogos. O rigor das retas é quebrado pela parede curva do térreo e pela marquise irregular. O sentido vertical em que estão dispostos os caixilhos, por sua vez, opõe se à horizontalidade da construção. As superfícies envidraçadas e as finas colunas que sustentam a marquise são outros elementos que dotam de leveza o conjunto. O uso do vidro - também na escadaria envidraçada que liga o restaurante ao terraço - é mobilizado em função da luz e da comunicação entre interior e exterior.

No Iate Clube e na Casa Kubitschek, Niemeyer volta a jogar com os volumes, de modo que eles pareçam, ao mesmo tempo, fundidos e individualizados. Também se nota a continuidade exterior/interior como elemento fundamental dos edifícios. A fachada em forma de proa do Iate remete às imagens náuticas popularizadas por Le Corbusier (1887 - 1966) em diversas de suas obras. A cobertura de águas invertidas, por sua vez, é vista como referência direta ao projeto do arquiteto suíço para a residência Erazuriz, no Chile, 1930. Se no Cassino e no Iate Clube a curva é utilizada como contraponto às linhas retas, na Casa de Bailes, localizada numa pequena ilha próxima à margem, a curva impera. A marquise sinuosa de concreto, cujas linhas se inspiram diretamente no contorno da ilha, torna-se a partir desse momento, um motivo central da arquitetura de Niemeyer.

A Igreja de São Francisco é considerada a obra-prima do conjunto. Nessa obra o arquiteto lança mão de nova solução construtiva: não mais a estrutura independente, com lajes de concreto apoiadas em pilares, de acordo com o léxico arquitetônico racionalista, mas uma abóbada parabólica de concreto armado, estrutura até então utilizada em obras de engenharia como o hangar de aviões do aeroporto de Orly, em Paris, de autoria de Eugène Freyssinet (1879 - 1962). Niemeyer se apropria, de uma forma cara, das construções utilitárias, ao explorar os seus rendimentos plásticos e estéticos. O uso da abóbada parabólica permite que um único elemento seja suficiente para a construção do teto e das paredes. Mas, de qualquer modo, para concentrar a atenção no mural de São Francisco, realizado por Candido Portinari (1903 - 1962), que ocupa toda a parede do fundo, ele encurta a abóbada, estreitando-a na direção do altar. O jogo de luz entre o coro iluminado e a madeira escura da nave é mais um elemento que destaca o mural. É ainda Portinari o autor da composição branca e azul de azulejos que cobre a fachada posterior da capela. O emprego das curvas e linhas oblíquas em toda a Igreja - na fachada e no interior - confere a ela um caráter assimétrico e flexível que atesta a liberdade criativa do arquiteto, envolvido com a exploração máxima das possibilidades plásticas e com as potencialidades escultóricas do concreto armado.



O conjunto da Pampulha torna-se um marco da arquitetura moderna no Brasil e no mundo. Diversas críticas foram feitas ao projeto, sobretudo à falta de um plano urbanístico para o novo bairro no qual as obras têm lugar e à falta de função social da obra, ponto sublinhado por Max Bill (1908 - 1994) em entrevista à revista Habitat, n. 12, 1953. Tal crítica é rebatida por Joaquim Cardoso, na mesma revista, em 1953: "... o Conjunto da Pampulha é, no Brasil, o primeiro e, em certo sentido, talvez o único de um grupo de edifícios visando a uma finalidade coletiva e social; o próprio cassino construído com o objetivo imediato de servir à exploração do jogo de azar não está, pela disposição dos seus elementos, imperativamente destinado a esse fim: é, na verdade, um cassino, mas organicamente mais adaptado a uma colônia de férias para estudantes ou funcionários públicos, do que mesmo para jogadores profissionais". Discordâncias à parte, o fato é que uma série de dificuldades ronda o projeto e o redefine: a proibição do jogo faz com que o cassino se transforme em Museu de Belas Artes; a Casa de Bailes nunca chega a funcionar; a interdição do lago, devido à contaminação por parasitas, impede a prática de esportes náuticos e reduz as atividade do Iate Clube; finalmente, a capela, nada convencional em sua concepção, custa a ser aceita pela Igreja e permanece durante muitos anos sem uso.

Ministério da Educação e Saúde

Foi um detalhe apontado por um estagiário que garantiu a monumentalidade e a grandeza dos espaços que caracterizam a primeira construção moderna do Brasil, projetada pelo mestre Le Corbusier. O então jovem Oscar Niemeyer sugeriu centralizar o prédio no terreno e aumentar de 4 m para 10 m os pilotis de sustentação. Os diretores do escritório de arquitetura a cargo da obra, Carlos Leão e Lucio Costa, aprovaram a ideia e a incorporaram na planta definitiva.

Fonte: http://casavogue.globo.com/Arquitetura/noticia/2012/12/oscar-niemeyer-15-maiores-obras.html

A casa mais estreita do planeta


O arquiteto polonês Jakub Szczesny diz ter construído a casa mais estreita do mundo, com 122 cm transversais no ponto mais largo e 72 cm onde aperta. Em formato de triângulo retângulo no comprimento, a Keret House se espreme entre dois edifícios com arquiteturas de diferentes períodos da história polonesa, no centro de Varsóvia. O propósito da construção, que tem status de instalação artística, é hospedar escritores itinerantes. No plano conceitual, a ideia é expandir o horizonte do pensar arquitetônico, redefinindo o que é impossível.
O projeto nasceu de uma indagação do arquiteto, que ao passar em frente ao terreno vazio se perguntou “quem poderia viver ali?”. Ele concluiu que deveria ser alguém que tivesse prazer em ficar sozinho. Szczesny convidou, então, o escritor israelense Etgar Keret para juntos desenvolverem a residência individual. O plano era que a construção permanecesse ali por dois anos, mas devido à boa recepção do público e da mídia, a instalação pode tornar-se permanente. A retraída morada já se tornou um ícone da arquitetura moderna local, sendo visitada constantemente por viajantes.
O corpo onde a casa está instalada é elevado, apoiado sobre pilotis e sobre a escada de acesso. Internamente, o deslocamento se dá através de diferentes lances de escada. Predomina o branco. O mobiliário, todo feito sob medida, foi levado ao interior com alguma dificuldade. “Morar neste lugar requer senso de humor, e mesmo assim não é possível ficar lá por muito tempo”, ressalva em tom jocoso Szczesny.



Via Designboom